segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Discurso do Papa Francisco para a Curia Romana

Abaixo a transcrição do Discurso do Papa Francisco e que me foi passada pelo meu amigo Vinícius Oshiro. Gostei muito e quero manter esse texto a minha disposição para poder ler sempre. Assim posso avaliar se eu ou minha família sofre de uma ou mais doenças citadas por ele.
 
O Papa menciona que a Igreja deve procurar ser mais séria, viva, mais sadia, mais harmoniosa e mais unida. É um corpo vivo. E que, como todo corpo, como todo corpo humano, está exposta também às doenças, ao mau funcionamento, à enfermidade. Ele mencionou algumas destas prováveis doenças. São elas:


A doença do sentir-se “imortal”, “imune” ou até mesmo “indispensável”. Uma organização que não faz autocrítica, que não se atualiza, que não procura melhorar é um corpo enfermo. Uma visita ordinária aos cemitérios poderia ajudar-nos a ver os nomes de tantas pessoas, algumas das quais pensassem talvez que eram imortais, imunes e indispensáveis! É a doença dos insensatos que se sentem superiores a todos e não a serviço de todos. Deriva da patologia do poder, do “complexo dos Eleitos”, do narcisismo que fixa apaixonadamente a sua imagem e não vê a imagem do outro, principalmente dos que precisam de apoio. 
A doença do “martalismo” (que vem de Marta), da excessiva operosidade: ou seja, daqueles que mergulham no trabalho, descuidando, inevitavelmente, da saúde, das pessoas queridas, etc, Descuidar do descanso necessário leva ao estresse e à agitação. O tempo do descanso, para quem levou a termo a sua missão, é necessário, obrigatório e deve ser lavado a sério: no passar um pouco de tempo com os familiares e no respeitar as férias como momentos de recarga espiritual e física.
A doença do “empedernimento” mental e espiritual, ou seja, daqueles que possuem um coração de pedra, daqueles que, com o passar do tempo, perdem a serenidade interior, a vivacidade a audácia e escondem-se atrás das folhas de papel, tornando-se “máquinas de práticas” e não “homens”. É perigoso perder a sensibilidade humana necessária que nos faz chorar com os que choram e alegrar-se com os que se alegram! A importância de sentimentos de humildade e de doação, de desapego e de generosidade.
A doença do planejamento excessivo e do funcionalismo. Quando se planeja tudo minuciosamente e pensa que, fazendo um perfeito planejamento, as coisas efetivamente progridem, tornando-se, assim, um contador ou um comercialista. Preparar tudo bem é necessário, mas sem jamais cair na tentação de querer pilotar a liberdade superior, que é sempre maior, mais generosa do que todo planejamento humano. Cai-se nesta doença porque «é sempre mais fácil e cômodo adaptar-se às suas posições estáticas e imutadas.
A doença da má coordenação. Quando os membros perdem a comunhão entre si e o corpo perde a sua funcionalidade harmoniosa e a sua temperança, tornando-se uma orquestra que produz barulho, porque os seus membros não cooperam e não vivem o espírito de comunhão e de equipe.   
A doença do “alzheimer espiritual”: ou seja, o esquecimento da “história”. Trata-se de uma perda progressiva das faculdades que num intervalo de tempo causa graves deficiências à pessoa, tornando-a incapaz de exercer algumas atividades autônomas, vivendo num estado de absoluta dependência das suas visões e crenças, tantas vezes imaginárias. A doença daqueles que dependem completamente do seu presente, das suas paixões, caprichos e manias; naqueles que constroem em torno de si barreiras e hábitos, tornando-se, sempre escravos dos seus próprios ídolos.
A doença da rivalidade e da vanglória. Quando a aparência, as vestes e as insígnias de honra se tornam o objetivo primordial da vida.Cada qual tenha em vista não os seus próprios interesses , e sim os dos outros. É a doença que nos leva a ser homens e mulheres falsos, e a vivermos um falso “misticismo” e um falso “quietismo”. Porque se envaidecem de si mesmos e se sentem melhores que os demais.
A doença da esquizofrenia existencial. É a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia e do vazio espiritual que formaturas ou títulos acadêmicos não podem preencher. Uma doença que atinge frequentemente aquele que, abandonando o seu dom/propósito, se limitam aos afazeres burocráticos, perdendo, assim, o contato com a realidade, com as pessoas concretas. Criam, assim, um seu mundo paralelo, onde colocam à parte tudo o que ensinam severamente aos outros e começam a viver uma vida oculta e muitas vezes dissoluta em que não praticam o que defendem. Não são exemplos vivos.
A doença das fofocas, das murmurações e do mexerico. É uma doença grave, que começa simplesmente, por trocar palavras e se apoderar da pessoa, como “homicida a sangue frio” da fama dos seus colegas. É a doença das pessoas velhacas que, não tendo a coragem de falar diretamente, falam pelas costas. Evitem o terrorismo das maledicências!
A doença de divinizar os chefes: é a dos que cortejam os superiores, esperando obter a benevolência deles. São vítimas do carreirismo e do oportunismo. São pessoas que vivem o serviço, pensando exclusivamente no que devem obter e não no que devem dar. Pessoas mesquinhas, infelizes e inspiradas só pelo seu próprio egoísmo. Esta doença atinge também os superiores, quando cortejam alguns seus colaboradores para obter a sua submissão, lealdade e dependência psicológica.
A doença da indiferença para com os outros. Quando alguém pensa somente em si mesmo e perde a sinceridade e o calor das relações humanas. Quando o mais esperto não coloca o seu conhecimento a serviço dos colegas menos espertos. Quando se chega ao conhecimento de algo e o esconde para si, ao invés de compartilhar positivamente com os outros. Quando, por ciúme ou por astúcia, se sente alegria ao ver o outro cair, ao invés de erguê-lo e encorajá-lo.
A doença da cara funérea. Das pessoas grosseiras que pensam que, para ser sérias, é necessário assumir as feições de severidade e tratar os outros – principalmente os que consideram inferiores – com rigidez, dureza e arrogância. Na realidade, a severidade e o pessimismo são muitas vezes sintomas de medo e de insegurança. Devemos esforçar por sermos pessoas amáveis e serenas que transmitem alegria por toda parte. Que irradia e contagia todos os que estão à sua volta. Não percamos, portanto, o humor, que nos torna pessoas amáveis, mesmo nas situações difíceis.
A doença de acumular: o acúmulo de bens materiais, não por necessidade, mas só para sentir-se seguro. A acumulação só pesa e freia inexoravelmente o caminho! Observem em si, os sinais desta doença.
A doença dos círculos fechados onde pertencer ao “grupinho” se torna mais forte do que a pertença a Organização. Também esta doença começa sempre de boas intenções, mas com o passar do tempo, escraviza os membros, tornando-se um câncer que ameaça a harmonia do grupo. A autodestruição ou o “tiro amigo” dos camaradas é o perigo mais sorrateiro. É o mal que atinge a partir de dentro; todo o grupo dividido, contra si mesmo, será destruído.
A doença do proveito mundano, dos exibicionismos, quando se transforma o seu serviço em poder e o seu poder em mercadoria para obter dividendos humanos ou mais poder. A doença das pessoas que procuram insaciavelmente multiplicar poderes e, com esta finalidade, são capazes de caluniar, de difamar e de desacreditar os outros. Naturalmente para se exibirem e se demonstrarem mais capazes do que os outros. Também esta doença faz muito mal ao grupo porque leva as pessoas a justificar o uso de todo meio, contanto que atinja o seu objetivo, muitas vezes em nome da justiça e da transparência!

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