terça-feira, 11 de dezembro de 2018

A alegria de fazer parte de uma história



Feliz daquele que pode ter saudade, porque é sinal que viveu um momento especial

Gosto muito de pensar que é mais feliz quem tem saudade porque viveu alguma coisa boa. Questiono muito a ideia de algumas pessoas que preferem, por exemplo, não ter uma animal, para evitar o sofrimento com a sua partida. Minha opinião é totalmente contrária.


Tenho muita saudade por exemplo, da chácara que meu tio Argemiro tinha em Laranjal Paulista, quando criança. Lá vivi muitas coisas boas e tenho excelente lembranças, como os bolos que fazíamos de terra, das rodas dos adultos para ouvir a moda de viola e do cheiro de doce de cidra que minha avó fazia no fogão a lenha. A chácara não é mais da família e meu tio já nos deu Adeus, mas essas lembranças vivem nas minhas memórias cheias de carinho.

Tenho saudade da casa que meu pai tinha em Mongaguá. Passamos férias divertidíssimas com minha tia Márcia e meus primos. E minha adolescência - cheia de dúvidas e certezas - foi vivida toda lá. A casa já foi vendida, meus primos casados e alguns amigos daquela época estão apenas no Facebook. Mas eles estão vivos dentro de mim.

Saudades de quando comecei minha carreira, como Relações Públicas no Governo do Estado. Das viagens de carro pelo Interior quente de São Paulo. Da pressão em não errar, da admiração de grandes jornalistas que pude conhecer. Saudades imensas das amigas do coração, que continuam conectadas comigo pelas redes sociais, é verdade. Mas dentro de mim, essas amizades estão intactas e fortes como foram naquele momento.

Quantas saudades de quando meu sogro estava bem de saúde, fazendo churrasco, tentando tocar violão e me chamando para dançar. Hoje ele está acamado e já não reconheço sua alma alegre nem dentro dos seus olhos. Mas sonho e nos meus sonhos, ele ainda tem toda aquela vitalidade.

Cada dia que acaba, fecho meus olhos e fixo em alguma imagem ou cena que gostaria que permanecesse intactas dentro de mim. Da minha irmã ainda bebê, dos meus pais namorando enquanto preparavam o almoço na cozinha, do meu gato Toti, da minha família no chalé de Atibaia junto com a família do Thiago, dos churrascos na chácara de Embu, das cavalgadas em Itapecerica da Serra, dos meninos bebês, das muitas comemorações na Atlas Schindler.

Nesses últimos 15 dias, tenho vivenciado isso com algumas pessoas. É muito especial quando meus colegas de trabalho descrevem as cenas de momentos que vivemos juntos, de como me conheceram, de algum momento em que marquei as suas memórias. No final de contas, essa é a meta do ser humano: ser imortal... não imortal no sentido da carne, mas de viver nas memórias daqueles que amamos.


4 comentários:

  1. Lindo! Eu sou uma pessoa que costumo dizer que não sinto saudades do passado, mas sempre, sempre, sou levado a uma boa lembrança através de algum objeto, alguma cena, enfim... É bom lembrar dos bons momentos como pontos de luz, iluminando a penumbra do passado...

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  2. Parabéns pelo belo e inspirado texto.

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