terça-feira, 30 de outubro de 2018

Processo eleitoral

Muitos dizem que o brasileiro precisa ser estudado! Apesar de eu achar que o ser humano de uma forma geral deveria ser estudado, nessas eleições acho que realmente um antropólogo, um historiador ou filosófo terão muito material de estudo.

A primeira coisa que chama a atenção é a forma como o brasileiro passa a se interessar por política a poucos meses antes das eleições  pelos candidatos e logo tomam para si algumas bandeiras como suas. Se pegarmos, por exemplo, as pessoas da minha família que passaram a defender o Bolsonaro com unhas e dentes nessas últimas semanas, será possível verificar que não acompanhavam os feitos do deputado antes do acirramento da disputa. Tbm diziam odiar política e que os políticos são todos iguais. Agora defendem o candidato com unhas e dentes como se o conhecessem desde pequeno. Acreditam fielmente em Fake News e chegam a jurar sobre a bíblia que estava lá e é prova de que aquilo de fato aconteceu.

Outro ponto interessante é como todo mundo se torna honesto e condena a corrupção em época eleitoral. Inclusive aquele indivíduo que engana no troco, que fura fila, que pega NF falsa para abatimento do IR. Esse faz discurso inflamado sobre a importância de se limpar a política brasileira de corruptos e ladroes. Mas no mesmo dia, paga uma bolinha para um fiscal limpar a barra ou liberar uma mercadoria apreendida.

Um público bem interessante é o desempregado por profissão, conheço vários. Está sempre em busca da atividade que melhor se encaixe ao seu perfil. E a culpa de não encontrar é da economia desaquecida, que por sinal é culpa do governo. Deve meses de aluguel, mas viaja todos os finais de semana. Quem paga a escola da filha, são as avós, mas tem celular de última geração. Enfim... para esse público além de historiador, será preciso chamar tbm um psicólogo para explicar melhor esse comportamento.

Existem tbm os cabos eleitorais virtuais. Ficam de prontidão no FB para compartilhar tudo que puder valorizar seu candidato e denegrir o opositor. Entram nos posts das pessoas que pensam diferente, para questionar - normalmente sem argumentos, só palavras de ordem - e adoram colocar a sigla ou número do seu candidato. Junto a esses têm os desrespeitosos, que somado a todas as manias do anterior,  ofende amigos de amigos que nem conhece.

Mas os mais chatos são os tiozinhos e tiazinhas “politizados”, principalmente se for da família e estiver no grupo do WhatsApp. Por acharem que no seu tempo tudo era melhor, defendem o retorno da ditadura, da bolinha de gude, do rádio a válvula, do bonde e da carroça. Mas não desgrudam do smartphone ou do notebook. Criticam a juventude atual que desrespeita o professor, o pai, a mãe, mas mima os netos e acham que serão o futuro da nação. Só os netos dos outros são problema.

E tem as chatas como eu. Que tenta ver tudo isso calada, mas não consegue. Escreve textões, sai de grupos WhatsApp, briga com colegas do trabalho, bloqueia “amigos do FB” e tenta se manter foçada, mesmo lendo absurdos. 

Realmente acho que seríamos bem interessantes para um estudo no futuro.

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